quarta-feira, 1 de junho de 2016

Voar...


Ei, segura a minha mão? Estou reaprendendo a voar.
Sim, eu tenho medo. A última vez que voei, soltaram da minha mão e cortaram minhas asas. Caí em queda livre e me quebrei em vários pedaços.
Com o coração e a alma dilacerados, recolhi o que sobrou de mim e construí meu casulo. Passei por todo aquele processo longo e dolorido de cicatrização dos machucados e reconstrução das minhas asas. Demorou muito.. o casulo se tornou aconchegante, me fez sentir protegida. Pensei em não querer mais voar. Achei que nunca mais fosse. Talvez a vida ali dentro fosse menos arriscada…
Ei, mas olha, tenho asas novamente! Não sei se estão funcionando bem, não testei com ninguém. Quero voar com você. Você me ajuda? Estou enferrujada, preciso que tenha paciência.
Segura mais forte na minha mão? Estou com frio na barriga, ansiosa. Não sei lidar bem com essa tensão pré voo. Você não tem medo? E se tiverem nuvens no céu? A gente consegue atravessá-las sem soltar as mãos? E se pegarmos alguma tempestade, nossas asas vão aguentar? Não quero me perder de você.
(…)
Tenho vontade de voar para lugares que não conheci. Mas, se eu errar o caminho, você pode me guiar? Sabe, ainda me sinto um pouco pesada, meio boba e perdida e sei que pra voar preciso ser leve. Mas, às vezes, me sinto insegura para tirar os pés dos chão.
Ei, mas olha, com você aqui eu consigo flutuar… Estou começando a voar!
Obrigada, há muito tempo não me sentia assim. Tinha esquecido como é gostoso. Meu coração está pulsando forte aqui dentro do peito e me dá uma vontade de voar cada vez mais alto. Vem comigo?
Não tenha medo. Se suas asas falharem, estou aqui para segurar a sua mão.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Justamente



Hoje eu posso te ter, justamente porque te perdi. Eu posso guardar nossas lembranças na memória, justamente porque eu quase já não lembro delas.
Hoje eu posso beijar sua boca e deitar ao seu lado na cama, justamente porque entregar meu corpo a você não significa mais entregar meu coração. Posso rir das suas bobagens e sorrir ao receber seus elogios, justamente porque você não é mais o único dono do meu sorriso. Posso te abraçar e sentir seu coração, justamente porque isso já não atrapalha mais as batidas do meu. Posso, inclusive, me pegar pensando em você, justamente porque isso virou uma opção e não mais uma rotina. 
Hoje eu posso te querer comigo, justamente porque isso é, agora, uma escolha e não mais uma necessidade. Posso aceitar sua liberdade, justamente porque ela não mais me aprisiona. Posso entender seu jeito de ser justamente porque ele não interfere mais no meu. Posso viver suas paixões justamente porque elas não atrapalham as minhas. Posso respeitar seu espaço justamente porque não me sinto mais sufocada no meu. Posso te dizer tchau e te ver indo embora, justamente porque agora você fica. 
Hoje eu posso aceitar suas desculpas, justamente porque não te culpo. Posso olhar nos seus olhos e acreditar no que eles dizem, justamente porque nunca duvidei. Posso ser sincera contigo, justamente porque não minto mais pra mim.
Hoje posso te falar tudo isso, justamente porque, na verdade, eu não preciso te dizer nada.  







segunda-feira, 4 de maio de 2015

Doutrinados...




Não é fácil assumir que a vida precisa mudar. É mais cômodo vivermos a rotina, o que está seguro. É fácil permanecer na mesmice ou se acomodar em situações, porque mudar dá medo e pode dar errado. Deixamos vontades e sonhos de lado porque o que conquistamos já é estável – teoricamente. E vivemos em um mundo com uma alta valorização do “viver seguro”, “regrado”, “responsabilidades” e “dinheiro”. Somos criados com um roteiro feito: devemos estudar (de preferência algo que nos faça um profissional bem remunerado), trabalhar igual a um camelo para ter dinheiro e em algo em que o retorno financeiro tem que ser rápido; obedecer o chefe e ter horário controlado.
Somos ensinados a ter medo do futuro, das nossas escolhas, e principalmente, a nos acostumarmos a fazer o que não queremos ou não gostamos. Nos ensinaram que esse sacrifício é necessário e que a vida não é só fazer o que nos dá prazer. Tudo isso porque nos convencem que precisamos de dinheiro - não o suficiente para vivermos mas, muito, para termos o que não precisamos, de fato. Por isso o mundo está cheio de pessoas frustradas e doentes. Tristes, sorrindo com ajuda de remédios e seguindo essa doutrina imposta pela sociedade.
Somos covardes e acabamos aceitando essa “realidade” por muito tempo. Falta coragem para enxergar que a vida que estamos levando não nos faz felizes. Que não queremos tal profissão, ainda mais depois de ter investido tanto tempo e dinheiro. Falta coragem para recomeçar. Coragem para abrir mão do salário fixo, da estabilidade, de uma possível carreira. Falta coragem para enfrentar nossos círculos sociais e dizer, simplesmente, que ser gerente em uma empresa não é sua ambição, que ter carro e casa própria não é sinônimo de sucesso e que sua preocupação não é ter um currículo competitivo com duas pós-graduações, um intercâmbio e a fluência em uma terceira língua.
Mas aí, aprendemos aos trancos e barrancos, depois de muitos remédios, crises de stress, cansaço crônico (físico e mental), tapas na cara e porradas dadas pela vida que dinheiro nenhum compensa essa infelicidade. Um salário, seja ele qual for, não vale o choro de alguém que está completamente exausto, esgotado, doente, vendo a vida passar e que não se sente feliz, realizado.

Todo mundo tem o direito – e obrigação - de ser feliz. É preciso respirar fundo e ir atrás do que te faça bem. É difícil olhar no espelho, encarar seus próprios olhos cansados e chegar a conclusão de que está na hora de mudar. Dá um medo olhar pra frente e reconhecer o desconhecido. Saber que recomeçar será difícil, desafiador. Mas, ao mesmo tempo, dá o frio na barriga que você precisava para seguir em frente e continuar, porque o tempo está passando e a vida não pára para te esperar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Querer...



Estava há um bom tempo sem escrever. Talvez porque me faltava tempo, assunto, frio na barriga ou tesão mesmo. Me faltava inspiração... a vida quando tá muito certinha, quadradinha, não dá enredo. 
Quando a vida tá assim, me dá um tédio. A coisa fica tão sem graça que começa a dar vontade de procurar encrencas. Sejam elas quais forem. Dá vontade de sair do emprego, mudar de profissão,  fazer um esporte radical, mudar o corte do cabelo, fazer uma tatuagem. Tá, nem todas são encrencas, mas pelo menos dão frio na barriga. O problema é que nenhuma das alternativas anteriores me satisfazem, por isso procurei algo que realmente me virasse de ponta cabeça.... E aquele famoso ditado popular já dizia que quem procura, acha. E eu achei: Você.

Do dia pra noite, comecei a te olhar de uma maneira diferente de como eu sempre te vi. Ao mesmo tempo que estava curiosa para te experimentar, também estava torcendo para que seu gosto não fosse bom. Quantas vezes eu respirei fundo e  rezei para que sua boca não se encaixasse de uma maneira deliciosa na minha. Tudo seria mais fácil pois eu já sabia que você, do seu jeito bagunçado e complicado, seria um perigo. Não no sentido de fazer sofrer mas, sim, no sentido de ser incrivelmente viciante.

Ah como eu queria não te querer...

Queria que seu jeito de me olhar não fosse o motivo de eu me desligar de tudo o que está a minha volta e que seu sorriso bobo não fizesse meu coração disparar de uma maneira ridícula. Como eu queria escutar algumas músicas sem lembrar do jeito gostoso que você dança comigo e como a gente se encaixa num mesmo compasso... 

Queria que seu peito não fosse o melhor travesseiro para eu dormir e que brincar com seu cabelo não fosse meu passatempo predileto ao acordar. Queria que você não me fizesse dar gargalhadas das suas idiotices ou que me irritasse da maneira mais fofa com suas preocupações tolas comigo e seu medo de me machucar. 

Queria que sua respiração perto do meu ouvido não fizesse cada centímetro do meu corpo arrepiar. Ah, como eu queria que seu cheiro não mexesse com meus sentidos e me deixasse completamente louca por você.
  
Ah como eu queria não te querer... 

Mas, você me bagunçou e fez esquecer todas as razões pelas quais não posso te querer. Você virou uma encrenca daquelas que não sei como fugir ou para onde ir para me ver livre.

Mas, estar livre, na verdade, é tudo o que eu não quero.... 



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sorrisos...


E, ao virar pro lado, tentando tirar aquela preguiça do corpo que está cansado de uma noite onde a felicidade guiou nossos passos e decisões, abro os olhos devagar e vejo você perto de mim, dormindo em um sono profundo e percebo no seu rosto as feições de alguém que está sorrindo. Não sei se é por causa de algum sonho ou se você é todo perfeitinho assim mesmo. 

Depois de passar alguns minutos te contemplando, viro novamente meu corpo, encaro o teto do seu quarto e uma retrospectiva da noite anterior começa a passar na minha cabeça. Lembro de cada sorriso que você tirou do meu rosto ao falar uma bobeira no meu ouvido, seu cheiro no momento em que me tirou para dançar, seu olhar demonstrando cada uma de suas vontades, seus beijos e o seus abraços que têm um encaixe viciante... Na verdade você, como um todo, é deliciosamente viciante.

Enquanto minha mente passeia por todos estes momentos, me dou conta que um arrepio gostoso percorre toda a minha espinha, como se todas as sensações que há poucas horas senti tomassem o meu corpo novamente. Meus pensamentos voltam para o presente, para o seu quarto e meus olhos buscam por você novamente. Dessa vez, não me prendo a olhar somente para seu sorriso... observo seu cabelo bagunçado, a sua barba por fazer... Só ali já estão todos os motivos necessários para eu te achar apaixonante.  
Me ajeito próxima ao seu corpo, dou um beijo em seu ombro, quase como uma forma de agradecimento por você me fazer sentir tão bem. Deito minha cabeça em seu peito, fecho os olhos e com um suspiro longo percebo que, dessa vez, quem está sorrindo sou eu.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ano Novo...




Mais um ano virou no calendário e com ele aprendi muitas coisas. Não foi um dos melhores e mais divertidos mas, com certeza, foi marcado por uma palavra: superação.
Superei paixões que não se tornaram amores. 
Superei dificuldades que tive com a saúde física e emocional.
Superei tombos e mudanças na vida profissional. 
Superei chatices, críticas e crises, minhas e dos outros.
Superei alguns medos, falta de paciência e até um assalto.
Superei a minha carência e todas as culpas que senti por minhas “cagadas”.
Superei aquela covardia de colocar a responsabilidade nos outros quando algo não dá certo. Superei, principalmente, a ideia de que minha felicidade depende de outras pessoas e coisas compráveis.

Por ter superado bobeiras e coisas sérias, percebi que tudo, tudo mesmo, depende de mim (das vontades de Deus  - sim, acredito Nele), das minhas escolhas. Por isso, neste ano que começou a engatinhar, não desejo que o “universo” me traga coisas e sentimentos para que eu seja mais feliz, ou seja, depender de fatores externos. Desejo, na verdade, que eu tenha sabedoria para fazer escolhas que me levem a estar, ser e fazer tudo aquilo que me faz bem. Seja dançar, trabalhar, beijar na boca, viajar, virar a noite com amigos.

Quero ter coragem para tomar decisões importantes, energia para estar mais vezes ao lado de pessoas deliciosamente agradáveis, atitude para ajudar quem precisa, ter mais paciência, não me estressar por coisas bobas e amar mais, independente de qual seja a forma de amor. Vou ser sincera comigo mesma, com minhas vontades e vou procurar agir de acordo com as minhas crenças, valores, disposição e que cada dia seja feito por mim e não pelos outros.

Desejo, principalmente, que daqui um ano, quando estiver escrevendo sobre o ano que passou, que eu possa contar sobre meus tropeços e acertos, mas que valeu a pena - e muito -  cada passo que dei e escolhas que fiz, cumprindo apenas um único compromisso: me fazer feliz.

terça-feira, 19 de março de 2013

Coragem...


Já fui covarde. Já recuei muitas vezes por medo de não dar certo.
Já deixei de gostar por medo de não gostarem de mim. Já fugi para me proteger. Já desisti por medo de falhar, já fechei o coração por medo de chorar.
Sim, isso é ser covarde. Não adianta querer dar outros nomes mais bonitinhos como “racional”, “ponderada” ou “pés no chão”. Se fechar para o mundo, seja em qual aspecto for, não é inteligência ou precaução.. é  C-O-V-A-R-D-I-A.
Isso porque precisa de muita coragem para abrir o peito e arriscar ser feliz. Dá medo de sair do casulo, da zona de conforto na qual esteve por tanto tempo. Colocar o coração na corda bamba, trilhando um caminho que pode, ou não, machucar.
Não é fácil suspirar diversas vezes, fechar os olhos e sentir. Apenas sentir. Não é qualquer um que aguenta o tranco de estar no coração de alguém ou de ter a responsabilidade de ser o motivo do sorriso alheio. É difícil e o orgulho não quer deixar outra pessoa te fazer feliz, cuidar de você.  É absurdamente complicado se colocar vulnerável ao se entregar em um relacionamento. Somente os corajosos dão um passo, estendem a mão, aceitam viver. Topam começar, recomeçar e, se preciso for, fazem isso tudo outra vez. Se suas escolhas derem certo, ótimo. Se não, lidam com isso. Choram, colocam a tristeza pra fora, limpam a bagunça e deixam a casa pronta para outra.
Não quero mais covardia. Nem a minha, nem as dos outros. Não quero esperar o tempo passar, a batalha esfriar ou só entrar em campo quando o fogo já baixou. Não quero essa coisa morna, de estar sem estar, de sentir mais ou menos e de pessoas que se contentam com isso.
Criei coragem para sempre tentar mais uma vez. E outra. E outra. E outra...